No início do século XVIII tentaram, os espanhóis, penetrar nos territórios à margem esquerda do Rio Uruguai, mas a hospitalidade dos indígenas fez com que recuassem. Aos jesuítas foi dado então o encargo de conquistar para a Espanha aquelas terras.
A Redução Jesus-Maria foi fundada em novembro de 1663, pelo jesuíta espanhol Padre Pedro Mola, no lugar hoje denominado Trincheira linha curitiba a cerca de 3,5 km da cidade de Candelária,nas proximidades do Morro Botucaraí.
Sua fundação, como a de todas as dezoito reduções da primeira fase, foi uma decorrência do acordo firmado, em 04 de julho de 1626, entre então o governador da província do Rio-da-Prata. Dom Francisco de Céspedes, e a companhia de Jesus, representada pelo Padre Roque Gonzales de Santa Cruz, chamado a Buenos Aires, para tal fim. Mediante este acordo foram fundadas as dezoito reduções da primeira fase, sendo que a Jesus-Maria foi a que mais prosperou e a que maior número de indígenas congregou, numa população local de cerca de dez mil pessoas.
Os dez mil índios da nação Tupi-Guarani que habitavam a Redução Jesus-Maria viviam em abastança, pois dedicavam-se à agricultura, cultivando vários produtos (trigo, milho, mandioca, etc.) e possuíam grandes rebanhos de bovinos, suínos e ovinos, dos quais provinha toda a alimentação da redução.
Era já a fundação uma verdadeira cidade que sofria ameaças constantes por parte dos bandeirantes paulistas, que desciam ao sul com o objetivo de aprisionar índios e transformá-los em escravos.
Tamanha atenção era dispensada à Redução Jesus-Maria que um mês de batalha travada com a Bandeira de Raposo Tavares, fora transferido para cá, designado como cura da redução, o Padre Pedro Romero.
Sua vinda teria sido para garantir a defesa do já esperado ataque dos bandeirantes.
Muito marcante foi o sistema de defesa montado pelos jesuítas em Jesus-Maria, não só o que diz a respeito às fortificações (trincheira e paliçadas) e armamentos, como ao adestramento militar ministrado aos índios por especialistas em operações de guerra. Daí a razão de ter sido possível a padres e índios resistirem a poderosa Bandeira de Raposo Tavares, durante seis longas horas (das oito horas da manhã às quatorze horas), naquela batalha travada a 03 de dezembro de 1636, na qual houve lances de verdadeiro heroísmo por parte dos jesuítas e índios, o que não impediu a destruição da redução Jesus-Maria marcando assim o fim da obra jesuítica na região.
Estava encerrado o primeiro capítulo da história de Candelária, que iniciaria um século depois, na sua fase portuguesa, associada a nossa Terra-Mãe Rio Pardo.
Nossa História, na sua fase portuguesa, nasce com a História de Rio Pardo, nossa Terra-Mãe, que, por sua vez nasce com a execução do Tratado de Madri que assegurou para Portugal, o domínio sobre toda a região antes ocupada pelos jesuítas, embora o território das Missões só tinha sido definitivamente conquistado em 1801. Não só assegurou o domínio, como desejou o povoamento da região por portugueses, inclusive nosso município, cujo território foi distribuído pelo processo de concessões de sesmarias, a elementos luso-brasileiros.
As concessões de sesmarias de terras eram feitas observando-se o critério de premiar pessoas que houvessem prestado relevantes serviços ao Império. Quando feita a militares, ficavam esses comprometidos a defender nossas fronteiras sempre que as circunstâncias exigissem.,
O processo de povoamento acelerou-se a partir de 1798, em razão da abertura da estrada do Botucaraí, que passava aqui pela avenida Getúlio Vargas e pela avenida Pereira Rêgo. Esta estrada era uma picada que dava acesso ao Planalto (ligava Rio Pardo a Passo Fundo).
No ano de 1807, quando o Rio Grande do Sul é elevado a capitania estava dividido em apenas quatro municípios: Rio Grande, Porto Alegre, Santo Antônio e Rio Pardo, este último, abrangendo cerca de metade da superfície de toda a capitania.
Quando os colonizadores de origem alemã começaram a chegar ao nosso município de Candelária, esta já estava nas mãos de grandes proprietários luso-brasileiros, que vinham realizando seu povoamento, lentamente, há quase um século.
A cidade de Candelária fez se parte da Sesmaria dos Campos e Matos que a fazenda pública nacional concedeu a José Francisco da Silveira em 22 de agosto de 1822.
A margem da estrada do Botucaraí, que ligava ao planalto, formava-se uma espécie de comércio que, pouco a pouco, crescendo no contato permanente com os tropeiros que faziam o comércio na região, lançando bases para a nossa hoje cidade de Candelária.
Gentílico: candelariense
Formação Administrativa
Distrito criado com a denominação de Candelária, por ato municipal nº 53, de 1001-1898 e por ato municipal nº 4, de 20-07-1925, subordinado ao município de Rio Pardo.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o distrito de Candelária permanece no município de Rio Pardo.
Elevado à categoria de município com a denominação de Candelária, pelo decreto estadual nº 3493, de 07-07-1925, desmembrado de Rio Pardo. Sede no atual distrito de Candelária. Constituído do distrito sede. Instalado em 17-07-1925.
Por ato municipal nº 5, de 20-07-1925 é criado o distrito de Linha Sete de Setembro e anexado ao município de Rio Pardo.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído de 2 distritos: Candelária e Linha Sete de Setembro.
Em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937, o município é constituído de 3 distritos: Candelária, Botucaraí (antigo Sesmaria do Pinhal) e Linha Sete de Setembro.
No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o município de candelária figura com 2 distritos: Candelária sub-dividido em 2 Zonas: Candelária e Palmital (ex-Linha Sete de Setembro) e Botucaraí.
No quadro anexo para vigorar no período de 1944-948, o município é constituído do distrito de Candelária, formado de 2 Sub-distritos: Candelária, Palmital e Botucaraí.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é constituído de 2 distritos: Candelária e Botucaraí.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
Fonte: IBGE