ASPECTOS HISTÓRICOS O TERRITÓRIO era habitado pelas tribos indígenas Tapes e Caingangs. Sustentavam-se da caça, de mel, frutas e do cultivo do milho e do feijão. Os caingangs usavam o corte de cabelo à moda dos padres franciscanos, sendo conhecidos pelo nome de coroados e bugres. Em cada aldeia havia um "Chefe-Pai", bem como um Cacique-Geral. Esses chefes eram hereditários ou elegíveis. Possuíam uma lenda sobre o dilúvio que cobriu a terra e do qual se salvou o Caingang subindo a serra.
Segundo alguns, o território de Passo Fundo foi penetrado a princípio por jesuítas das Missões Orientais do Uruguai, que fundaram a redução de Santa Teresa, para fins de catequese.
O povoado começou nas primeiras décadas do século XIX, quando os colonizadores penetraram a região e os tropeiros, vindos da fronteira sul, em demanda à então Província de São Paulo, o maior mercado consumidor de muares, passaram a fazer pousada obrigatória no "passo fundo", como medida de segurança. Tornou-se, assim, parte do chamado "Caminho dos Paulistas".
A região era infestada por índios hostis que atacavam as tropas de mulas, principalmente no lugar denominado "Mato Castelhano", que era muito denso.
Os tropeiros preferiam cruzar a zona do matagal, durante o dia e por isto pernoitavam no chamado "passo fundo", um lugar alto, do qual descortinavam a região onde dispunham de boa aguada.
A partir de 1827, vindos da Província de São Paulo, estabeleceram-se na região alguns colonizadores luso-brasileiros. Em Pinheiro Marcado o primeiro morador efetivo, o alferes Rodrigo Félix Martins e, na atual Sede de Passo Fundo, Manoel José das Neves, conhecido como Cabo Neves que posteriormente, recebeu a graduação de Capitão por ter servido na campanha do Prata. Na mesma época, estabeleceram-se no Município, Alexandre da Mota e Bernardo Paz.
Em 1831, o Capitão requereu a posse das terras através de carta fornecida pelo Comando Militar de São Borja.
A primeira capela, erigida sob o orago de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, foi requerida por Joaquim Fagundes dos Reis e outros moradores em 1834, e concluída, em fins de 1835, em área doada pelo Capitão José Manoel das Neves.
Na campanha abolicionista havia, desde 1871 uma sociedade presidida pelo Dr. Cândido Lopes de Oliveira, que visava a emancipação de crianças do sexo feminino, antes mesmo da Lei do Ventre Livre.
Antecipando-se à Lei Áurea, a Câmara Municipal de Passo Fundo, a 28 de setembro de 1882, proclamava a libertação de 300 cativos. A moção foi apresentada pelo secretário da sociedade Major Antônio Ferreira Prestes Guimarães, eleito vereador.
A idéia republicana também estava enraizada no Município, mas o silêncio pairou sobre os princípios republicanos, quando irrompeu a Revolução Farroupilha.
Anos depois, Francisco Prestes, Manoel Araújo Schell, Pedro Pereira dos Santos, Afonso Caetano de Souza, Fidêncio Pinheiro, Fernando Zimmermann, Irineu Lewis, José Savinhone, Marques Sobrinho e Lúcio Martins de Morais reuniam-se a luz de velas, sendo conhecidos como membros do "Clube do Toco de Vela".
A 16 de novembro de 1889, o povo de Passo Fundo soube da Proclamação da República, através de uma mensagem telegráfica recebida por engenheiros militares.
No mesmo ano, por intermédio de Tomás Canfild, criador da "Colônia Canfild", chegaram os primeiros colonos, 3 famílias de agricultores italianos, sendo seus chefes Trinco Joseph, João e Silvestre Bucco.
Por ocasião da Revolução Federalista travaram-se, em Passo Fundo, em 1893 e 1894, diversas batalhas que bem comprovam a importante participação principal nos destinos políticos do Estado.
Cessada a lute, o progresso começou a ser estruturado com a construção da estrada de ferro, em 1897, e a organização de diversas empresas colonizadoras; sendo empreendida a colonização do Alto Jacuhy, pela firma Schmitt e Cia. Oppitiz, seguindo-se a de Saldanha Marinho, iniciada em 1898 pela empresa Costa e Silva, e a de Dona Ernestina, do Coronel Ernesto Carneiro da Fontoura em 1899. Surgiram mais tarde, as colônias de Marau, Teixeira, Sertão, Sarandi, Santa Cecília, Weidlich, Varzinha, Erechim, 7 de Setembro, Tamandaré, Selbach e Boa Esperança.
Em 1923, quando o País, e muito particularmente o Rio Grande do Sul, era palco de focos de agitações que culminaram com os acontecimentos de 1930, o Município teve de travar novas e sangrentas batalhas para romper o cerco do seu território.
Voltando a paz, Passo Fundo transformou-se num dos grandes municípios brasileiros.
Formação Administrativa A FREGUESIA de Passo Fundo criada pela Lei n.º 99, de 26 de novembro de 1847, passou à categoria de Município pela Lei provincial n.º 340, em 28 de janeiro de 1857, sendo instalada em 7 de agosto do mesmo ano
Desmembraram-se de Passo Fundo os atuais Municípios de Soledade, Erechim, Carazinho, Getúlio Vargas, Sarandi, Marau e Tapejara.
A composição municipal tem oito distritos, inclusive o da Sede, Passo Fundo, Coxilha, Campo do Meio, Ernestina, Pulador, Pontão, Bela Vista e São Roque.
PASSO FUNDO é sede de Comarca de 3.ª entrância, instalada a 7 de setembro de 1875. Tem jurisdição sobre os Municípios de Ciríaco e David Canabarro.
Fonte: IBGE