Nos idos anos de 1938, existiam apenas dunas, areias e mato, além de pescadores que só vinham para cá na época do peixe e depois voltavam para suas casas, que ficavam distantes apenas 6 km. Numa destas pescarias, por volta de 1940, na época da segunda grande guerra faltou o sal e não existia nas redondezas, por isso eles pegavam a água do mar e ferviam até secar e virar sal, para salgar peixes e mariscos que existiam em abundância naquela época. Faziam isso à beira de um arroio que atravessava as dunas de areias com água corrente de boa qualidade, bem como lindas árvores que serviam de abrigo para os acampamentos.
Por volta de 1944, surgiu a primeira choupana constituída com madeiras achadas à beira-mar e telhado de santa fé, na beira do arroio que originou o nome da localidade de Arroio do Sal, choupana esta de propriedade do Sr. João Costa.
Na década de 40, começou a ser habitado por pessoas que o procuravam como local de lazer. E foi assim que começou o desenvolvimento de Arroio do Sal, como praia deste mares do Sul.
Casas foram surgindo e, vagarosamente, o modernismo foi tomando conta da paisagem bucólica que poderia ser cantada em versos e prosa pelo poeta mais genial.
O arroio que deu o nome e esta praia, antes de seu ruidoso encontro com o mar, formava uma bacia dágua que espalhava as lavadeiras que procuravam uma alternativa para as águas salobras dos arcaicos poços cavados e que tinham em sua profundidade nada além de dois metros, este também era o local para a gurizada da época tomar seu banho, pois o quente das águas da lagoinha contrastava com o frio também gostoso das águas geladas do mar. Isso dava para esta praia um misto de poesia, singeleza e tranquilidade.
A medida em que os veranistas vinham para o Arroio do sal, em sua maioria de Porto Alegre, surgiam os chalés de praia. Alguns até hoje podem ser vistos em sua simplicidade, como por exemplo, a Vila Vozinha, porém na época eram casas vistosas, construídas com sólida madeira vinda da serra, transportada por canoas através da Lagoa Itapeva, e de carretas até o Arroio do Sal.
E, no Arroio do Sal, uma das residências requintadas para a época, sofre a ação do tempo e envelhece. E, aos poucos, velha, alquebrada, já caindo aos pedaços recebe a alcunha de lar das bruxas. Um apelido carinhoso, carregado com muito mistério, tal como
o mistério da rápida evolução da Praia de Arroio do Sal.
Mas a medida em que a praia ia evoluindo, era necessário providenciar a alimentação adequada para os veranistas, algo que fizesse com que se sentissem na cidade. Assim começou a evolução das quitandas para os veranistas, algo parecido como da horta para sua mesa, pois os próprios quitandeiros entregavam nas portas das casas as mais variadas frutas, verduras, leite e ovos, tudo fresquinho, colhido na manhã.
Também o lazer começou a ser explorado e, entre as muitas coisas que deixaram saudades, foram as carretinhas puxadas por bodes.
Mas, para que o Arroio do Sal pudesse desenvolver mais rapidamente, foi necessário criar-se uma linha de ônibus, a princípio da empresa Laeger que fazia a linha de Santa Catarina a Porto Alegre uma vez por semana. Mais tarde esta linha passou a ser explorada pela viação Santos Dumont que saía de Porto Alegre passando por Santo Antônio da Patrulha, alcançando a praia em Tramandaí, indo via mar até Torres. Atualmente esta mesma linha ainda existe, porém, explorada pela empresa Unesul de transporte Ltda.
Gradativamente Arroio do Sal foi crescendo e surgiram as primeiras casas comerciais que eram: a sorveteria Estrela do Mar, o armazém do Sr. Prestes e posteriormente do Sr. Dias, a Pensão do Sr. Abílio, o hotel Petrópolis e surgiram, também, as primeiras ruas com calçamento.
No ano de 1948, foi fundada a sociedade Amigos de Arroio do Sal (SAAS), cuja criação se deu principalmente, pela necessidade da instalação de um gerador de luz, e que foi realizada pela cotização dos habitantes, eliminando assim as velas, os candeeiros e as lamparinas.
À medida em que Arroio do Sal evoluía no seu aspecto urbanístico, os meios de sobrevivência de seus habitantes, ou então o seu lazer, quase não foram substituídos, e é por isso que a pesca continua sendo um dos bons entretenimentos que o mar oferece.
A testemunha muda da evolução do Arroio do Sal é o mar, pois ele pôde pacientemente acompanhar o crescimento deste oásis entre a praia e as montanhas da Serra do Mar. Vagarosamente, por detrás dos cômodos de areia, surgem os prédios e mini espigões de uma praia em evolução.
Gentílico: arroio-salense
Formação Administrativa
Elevado à categoria de município com a denominação de Arroio do Sal, pela lei estadual nº 8573, de 22-04-1988, alterada em seus limites pela lei estadual nº 8991, de 1101-1990, desmembrado de Torres. Sede no atual distrito de Arroio do Sal ex-povoado de Balneário arroio do Sal. Instalado em 01-01-1989.
Em divisão territorial datada de 2001, o município é constituído do distrito sede.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
Fonte: IBGE