SÃO SEPÉ RIO GRANDE DO SUL Monografia - nº 620 Ano: 1982
ASPECTOS HISTÓRICOS
ESTENDENDO as suas estâncias até o coração do Rio Grande, os jesuítas da redução de São Miguel descobriram uma tribo de índios Guaranis, chefiada por Sepé Tia-rayu.
Em 1750 já existia a Fazenda São João, estância de índios catequizados - primeiro núcleo de que se tem notícia em terras do atual Município.
Sepé Tia-rayu ou Tiaraju, cacique inteligente e respeitado pela tribo, sabendo manejar com destreza as armas, recebeu, em 1753, o posto de Alferes Real de São Miguel. Sucumbiu em 1756 em luta contra um exército regular do Comissariado de Demarcação português-espanhol que invadiu as Missões Orientais. À margem do Arroio (Sepé), afluente do Vacacaí, foi colocada uma cruz lembrando a morte de Tiaraju e de 1.500 índios na batalha de Caiboaté.
Em carta de 1780, o coronel Patrício José Correa da Câmara, comandante da Fronteira do Rio Pardo, determina que as terras a serem distribuídas estivessem dentro dos limites da "Guarda do Jacuí, do Irapuã, até sua foz no Jacuí, e nas vertentes do mesmo Irapuã a rumo direto até encontrar o Camaquã, e deste e da serra que costeia a lagoa para a parte do Camaquã".
O território compreendido pelo atual Município, encravado entre os rios Jacuí, Vacacaí, Santa Bárbara e Cambaí, o Acampamento Velho e a estrada do Boqueirão pertenciam ao território riograndense desde 1.º de outubro de 1777 pelo Tratado de Santo Ildefonso, mas eram imprecisas as delimitações.
Em 1780, José Marcelino de Figueiredo, governador da Capitania, em contraposição a uma resolução impeditiva, concede a José Carneiro da Silva Fontoura a primeira sesmaria no Durasnal de São Rafael. Povoador destemeroso, José Carneiro da Silva Fontoura expulsa da Fronteira do Rio Pardo
o arrogante Vertiz Y Salcedo. Mais tarde foram concedidas numerosas sesmarias e já no princípio do século XIX todas as áreas de terra se achavam distribuídas.
No povoado de nome Formigueiro, núcleo populacional mais desenvolvido na época, instalaram-se agricultores que abandonaram as estâncias, soldados que deram baixa, ferreiros, carpinteiros, entre outros e, em 1825, sob a liderança do carpinteiro Francisco Antonio de Vargas erigiram, próximo ao rio São Sepé, uma cruz dedicada a Nossa Senhora das Mercês, provocando a reação hostil do fazendeiro Joaquim Fraga e outros, que reivindicavam a posse da terra. A licença para a construção da ermida desencadeou uma série de conflitos, até que em 1834 Plácido Gonçalves, persuadido por Plácido Nunes de Melv - o Chiquiti - comprou as terras objeto do litígio, doando-as para a edificação da capela, mais uma vez adiada pela eclosão da Guerra dos Farrapos. Finalmente, a 6 de junho de 1846, criava-se a capela sob o orago de Nossa Senhora da Conceição, por ter sido no seu dia que se efetuou a compra do terreno.
Supõe-se que a 7 de dezembro de 1850, quando elevado a freguesia, o povoado tenha passado a se chamar São Sepé, nome que se deve a Sepé Tiaraju.
Em 1876, chegaram os primeiros colonos alemães e em 1910 os italianos, que se integraram na comunidade, contribuindo para o desenvolvimento local.
São Sepé não ficou alheio ao movimento antiescravagista e, através do seu Clube Abolicionista, declarou-se praticamente livre de escravos, em 1884.
Em 1891, foi aberta a estrada de rodagem ligando São Sepé a Estiva.
Embora a principal riqueza fosse a pastoril, a população dedicava-se também à apicultura, sendo famoso o mel da região, e à orizicultura, que viria constituir-se em uma das principais atividades econômicas do Município.
Formação Administrativa
O DISTRITO deve a sua criação à Lei provincial n.º 201, de 7 de dezembro de 1850.
O Município foi criado pela Lei provincial n.º 1.029, de 29 de abril de 1876, com território desmembrado dos de Caçapava e Cachoeira, ou somente do primeiro, tendo ocorrido a instalação em 15 de março do ano seguinte.
Na divisão administrativa de 1911, o Município de São Sepé era constituído de 4 distritos: São Sepé, Cerrito do Ouro, Formigueiro e Santa Bárbara, aparecendo, nos quadros de apuração do Recenseamento de 1920, com os mesmos distritos, acrescidos pelo de São João.
O Município sofreu várias reformulações administrativas, figurando no Censo de 1950 com apenas dois distritos: o da Sede e o de Formigueiro.
Em 1960 passou a constituir-se dos distritos de São Sepé., Formigueiro e Vila Block.
Pela Lei estadual n.º 4.575, de 9 de outubro de 1963, perdeu o distrito de Formigueiro, que formou Município do mesmo nome.
Em 21 de novembro de 1969, através da Lei municipal n.º 939, foi fixado em 3 distritos a nova constituição de São Sepé: Sede Vila Block e Vila Nova, situação que permanece.
Fonte: IBGE
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